sexta-feira, abril 18, 2008

subterrâneos

Quão fantástico se pode tornar um passeio boémio, uma ida às compras, uma incursão a um espetáculo artístico, se incluir o capítulo do estacionamento num parque subterrâneo.
Tudo começa com o acesso ao mesmo por uma rampa, que nos engole a viatura de modo mais ou menos elegante, consoante (vogal) a tortuosidade e a proximidade das paredes e do tecto que se agigantam e abraçam a carripana. Segue-se o dilema de optar por uma ou por outra cancela de acesso ao parque, havendo as variáveis de acesso a diversos níveis do subterraneo, de via verde e afins. Prime-se o botão com a luz que pisca, ouve-se o "bem vindo espero que passe muitas horas cá dentro para nos largar algumas moedas", tem-se a esperança de que a cancela articulada não tenha quaisquer instintos veículocidas e nos agrida furiosa e repetidamente no capot e tecto do automovel enquanto deixamos o carro ir abaixo e ou aceleramos sem mudança engatada até ao apagar do motor (eufemismo para MORTE) por laceração fatal dos cabos da bateria, faz-se slalom para evitar as pessoas que pululam no meio do acesso de Moria (Barad Dur, caros tolkianos) e estaciona-se o bólide após algumas trocas de sinais de luzes, piropos e manguitos com outros alegres condutores (ah fangios que estacionam no local que vagou após termos aguardado pacientemente que a senhora grávida de 8 meses sentasse os dois filhos de 3 e 4 anos de idade nas cadeirinhas, arrumasse as compras, dado um retoquezito no baton e no rimel, 2 pares de berros e 3 de estalos aos putos, atendesse o telefonema da amiga enquanto procurava o cd da norah jones para meter a bombar no rádio e o dvd do shrek para calar os putos, e se decidisse a arrancar). Tranca-se o carro, dizemos a dois prezados condutores que não, não estamos a sair, e vai-se à vida.
Na volta, paga-se o parque nas máquinas automáticas (que por si só poderão ser outra história), e... Cereja no topo do bolo!! Tentamos lembrar-nos de onde raio teremos deixado o carro!! Terá sido no parque do golfinho roxo, ou no piso do albatroz amarelo?? Não, foi mesmo na zona do pinguim verde!!
Eu até achava piada às pessoas que vagueavam nos estacionamentos subterrâneos, com o olhar fixo no infinito, paravam com as mão nas ancas ou a coçar a cabeça, careca ou cabeleira, bem como afagando o queixo ou limpando as fossas nasais.. Até ao dia em me esqueci que estacionei no grilo vermelho..

PS- já são 4 da manhã eih, bem bom..

2 comentários:

JP disse...

hahahahaha
bem feita malucoooo! =PPPPPPPPPPPPPPPPP

Gonçalo disse...

Lugares fascinantes, esses parques subterrâneos!
Boa malha!